Eu falo que essa é uma newsletter para compartilhar o processo de uma vida mais consciente, mas percebi que nunca contei por onde comecei.
Então espera aí, que essa edição vai ser um pouquinho (não muito) mais longa!
O ano era 2013 e um professor meu de escola foi fazer um trabalho voluntário na Ásia (desculpa, eu não vou lembrar exatamente onde) e voltou relatando sobre o que ele tinha visto nas confecções das grandes marcas: trabalho infantil, ambientes insalubres, longas horas de trabalho e má remuneração. Foi a primeira vez que eu estava escutando alguém dizer sobre trabalho análogo a escravidão na moda e aquilo foi um extremo choque para mim, afinal, eu havia crescido dentro da confecção de pijamas da minha mãe e imaginava que tudo era feito com o mesmo amor e carinho que presenciava lá dentro.
No mesmo ano, houve o acidente de Bangladesh e inúmeras marcas queridinhas foram denunciadas por trabalho escravo.
Meu primeiro passo foi cortar as marcas que receberam as denúncias da minha lista de compras. Mesmo com 13 anos (sim, sou de 2000), não entrava na minha cabeça como eu podia vestir, achar bonito e normalizar algo que estava associando escancaradamente a exploração humana. Eu não vou entrar aqui na discussão a favor ou contra o Fast Fashion, acredito que dá para desenvolver uma newsletter inteira para pensar no assunto, mas essa foi sim a primeira saída que encontrei para lutar – de alguma forma – contra esse sistema.
Foi só por volta de 2016/2017 que comecei a entender mais a fundo sobre tecido e os impactos das matérias-primas das nossas roupas. Porque até então, apenas não comprar na Zara já era o suficiente pra mim. Entendi que existem tecidos muito prejudiciais para o meio ambiente, como o poliéster, e que o simples ato de lavar uma roupa desse tecido na máquina libera milhões de microplásticos no oceano.
Em 2018 eu entendi que não era só sobre fazer escolhas melhores, mas também a dizer não. Que, muitas vezes, o não comprar é a atitude mais sustentável que podemos ter.
Em 2019, depois que me mudei para SP, eu virei ratinha de brechó e tirei todo um preconceito que havia aprendido sobre roupa de segunda mão. Até porque, São Paulo tem muito brechó presencial para ir garimpar e a experiência de você encontrar uma peça perfeita e, quase que exclusivamente sua, é muito satisfatória.
De lá para cá, reduzi muito meu guarda-roupa, aprendi a usar minhas roupas mais criativamente. Conheci marcas incríveis e criei minha própria curadoria de moda consciente. Houve um tempo que senti muito medo de tornar meu processo de compra chato, afinal, moda ainda é para ser divertido. Mas percebi que esse processo me fez olhar e consumir a moda com tanto carinho, que hoje eu tenho muito orgulho de cada peça que eu compro e visto. Elas são carregadas de história, são cheias de intenção e otimismo.
Olhar para moda com mais consciência me abriu os olhos para olhar para diversos outros setores com mais cuidado: alimentação, cosméticos e até nossa relação com os outros e com nós mesmos.
Está na moda agora falar de wellness, de bem-estar, de autocuidado. Mas está mais do que na hora desse cuidado também ser para os outros e para o mundo.
Estou assinando a Vida Simples e amando
Voltei a escrever no meu journal e eu amei os diários que essa papelaria lançou (ainda dá para personalizar com suas iniciais)
Que lindo ver que a Rafinha que brincava na fábrica cresceu e se tornou uma mulher tão linda e consciente! 💖